Por Calebe Ribeiro
Se Moisés tivesse um IPhone na época
da sarça provavelmente ele passaria por ela sem perceber o evento, ou talvez,
começaria a filmar e depois lançaria no Instagram com a tag: “#SemFiltro”.
O celular nos priva muitas vezes de perceber “sarças que se queimam” por
aí. O que quero mostrar é que o celular também é um forte concorrente
disputando o monopólio da nossa atenção.
Não me venha com esse papo de que é possível mexer em um aplicativo
enquanto se conversa com alguém e ainda assim manter a atenção concentrada nas
duas coisas. Bobagem! Deixou de ser atenção concentrada e tornou-se atenção
fragmentada.
Nos filmes mais antigos, depois de
uma boa noite de sexo, cada um virava para o seu lado da cama e acendia um
cigarro, cena clássica essa. Hoje, um casal moderno e tecnológico depois do
sexo vira cada um para o seu lado e vai mexer no celular, dar uma última olhada
no Facebook e no Instagram.
Acordamos com o celular na nossa mão, pois ele é o nosso despertador.
Tomamos café com ele, pois ficamos mandando mensagem ou lendo as notícias. Vamos
para o trabalho com ele nos nossos ouvidos, pois transformou-se no nosso Ipod.
Ficamos no trabalho com ele em cima da mesa e qualquer notificação já olhamos
para a tela, não respeitamos nem as reuniões, nem as aulas, olhamos mesmo.
Quando vamos ao banheiro não existe melhor companheiro do que um celular, só na
hora do banho que fica difícil, mas agora já inventaram um que não molha.
Enfim, o celular passa mais tempo com a gente do que nossas esposas, maridos,
filhos, amigos.
Estou para completar um ano de casado e percebi que toda vez que minha
esposa e eu levamos o celular para a cama nos privamos de conversar um com o
outro. Ficamos em silêncio olhando para a tela do celular e algumas vezes
comentamos alguma coisa. Depois de desligados os celulares (de forma forçada,
pois a bateria já chega nos 5%) falamos boa noite um para o outro e dormimos.
Comecei a perceber que os últimos trinta minutos do meu dia, dos quais
poderia passar conversando com minha esposa, passei na verdade de olho na
telinha. Engraçado que quando compartilhei essa realidade com alguns amigos
eles riram e falaram passar pela mesma situação.
Propus um acordo com minha mulher, o
de não levar tecnologia para a cama. Estamos nos adaptando a essa nova
realidade, ficar sem o celular é como se sentir nu, somos viciados àquela zapiada rapidinha
que, na verdade, leva uns 15 minutos.
Na tentativa de não passar
desapercebido por nenhuma “sarça ardente”, adaptamos a ordem de Deus e nos
exortamos mutuamente dizendo: “Tire o celular, pois a nossa cama
também é solo sagrado”.
— Calebe
Ribeiro é um dos pastores de jovens
da Igreja Presbiteriana do Recreio, no
Rio de Janeiro (RJ). É também missionário da Missão
Jovens da Verdade.
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