Domingo dia 27 de março, celebraremos a Páscoa em toda a
cristandade, ocasião que só perde em popularidade para o Natal. Apesar disto,
há muitas concepções errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da
palavra hebraica pessach que significa “passar por cima”, uma referência ao
episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte
“passou por cima” das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas
para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um
cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras
das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela
mesma noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de
escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do evento.
Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos judeus,
sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e pães sem
fermento.
Jesus Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração
de uma delas em Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo,
após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na
sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou no
calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto
Jesus, como todos os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus
discípulos em Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não
mais a páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos
simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de muitos –
uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto, cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa
judaica. Para nós, era simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus,
cujo sangue impede que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos
comem pão e bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do
ano, mas durante o ano todo.
A Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos
há apenas um dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num
domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos
acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua
ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte
teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho
de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem.
Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram
acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada
têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada
pelos cristãos.
Em termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes
atitudes para com as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1)
rejeitá-las completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e mercantilismo
que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente como parte da cultura
brasileira; (3) usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa.
Eu opto por esta última.
http://www.ipb.org.br/informativo/verdades-e-mitos-sobre-a-pascoa-3977