"A BONDADE DE DEUS"
II Samuel 9.1-8 –
É-nos prazeroso observar o canto dos pássaros logo de manhã. Eles não têm
ninguém que os impulsionem a cantar, mas mesmo assim cantam como se fizessem
parte de uma grande orquestra e, como se tivessem um maestro que as regem. Sua
motivação é a própria existência, pois só param de cantar quando morrem ou
quando não têm mais forças para fazê-lo. Eles devem servir como exemplos vivos
para nós, homens racionais, e despertar em nós o desejo por louvar a Deus com
toda a força do nosso ser. A história do texto acima nos arremete a um homem
aleijado. Mefibosete era filho de Jônatas e neto do rei Saul. Nascera no
palácio, como príncipe, e se preparava para reinar em Israel. Mas sua
história mudou. Seu avó e pai foram mortos. Na fuga pela vida a ama o deixou
cair e ele ficou aleijado dos dois pés. Passou a viver escondido por medo de
ser morto pelo atual rei como forma de apagar a história do rei deposto, além
de se envergonhar da sua condição de aleijado. A história desse homem tem muito
a ver com a história de todos os homens. Nascemos príncipes, moradores no
paraíso, perdemos nossa posição especial e carregamos uma existência como
aleijados espirituais e distantes do luxo e prazeres dos lugares celestiais. É
por isso que vamos fazer um paralelo entre a história de Mefibosete e nós.
Entre as ações misericordiosas de Deus e as ações de bondade de Davi.
Veremos que A
BONDADE DE DEUS É A RAZÃO DA NOSSA SALVAÇÃO. O próprio Davi reconheceu que:
“Bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida”.
Quais foram
os ATOS DE BONDADE de Deus para conosco? Os atos de bondade de Davi para com
Mefibosete formam um impressionante paralelo com os atos de bondade de Deus
para conosco. O primeiro deles foi A BUSCA DO PERDIDO PECADOR. Os versos de 1 a 4 mostram que a busca por
Mefibosete nascera no coração do Rei e não nos desejos do pobre homem aleijado
e destituído de glória. A "Casa de Saul" era inimiga da "Casa de
Davi". Todos os reis da época matavam os descendentes dos seus
antecessores para evitar reivindicações futuras do trono, mas Davi contrariou
os costumes de sua época. Ele, por causa do reconhecimento da bondade de Deus
que experimentara, buscou seus descendentes para abençoá-los, usando de
misericórdia para com eles. Sua motivação foi a bondade recebida do Senhor –
Deus o havia buscado. Então ele também buscou os perdidos. De modo semelhante,
nós, pecadores, também estávamos numa condição de inimigos de Deus (Rm 5.10),
mas Jesus veio nos buscar e nos abençoar com Sua salvação. Jesus mesmo disse
que sua missão foi buscar e salvar o perdido. Foi Jesus quem veio atrás do
perseguidor de sua Igreja, Saulo. O encontrou, transformou seu coração, deu-lhe
vida novamente e o transformou em um missionário. É Deus quem busca, indo atrás
do pecador. Assim aconteceu com Mefibosete. Aconteceu também comigo e contigo.
Deus nos buscou. O segundo ato de
Davi que faz paralelo com a ação divina é O CHAMADO DO PECADOR. David manda
chamar Mefibosete à sua presença (vs 5-6). Chamar pode nos parecer apenas um
grito para chamar nossa atenção, mas neste caso, ao tratar do chamado de
divino, o caso é diferente. Seu chamado diz respeito a uma atração toda
especial. Ele busca o pecador, que se sente perdido e sem esperanças, então o
chama. Neste ato ele entra no coração despedaçado e o regenera, dando-lhe vida
novamente. Deus então passa a se relacionar intimamente com este ser, dando-lhe
novas perspectivas e muitas razões para viver e desfrutar a vida com alegria.
Dá-lhe esperanças certas da vida porvir. Esse chamado é exclusivo para seus
filhos. Ele chama pelo nome, por isso é um chamado direcionado e exclusivo. Ele
não grita para voluntários responder. Ele chama a quem quer que o responda e
dá-lhe ouvidos para ouvir e boca para responder a seu chamado (Mt 4.22 e 22.14
/ Rm 1.6 e 8.28-30). Sua ação é completa em nós. O profeta ficou admirado de Deus o conhecer
quando era ainda uma substância sem forma no ventre materno. Nesse tempo Deus
já o chamara para o ministério. Davi chamou Mefibosete. Conversou com o
rejeitado e o tratou de modo especial. Jesus disse: “Não fostes vós que me
escolhestes, mas eu vos escolhi”. Israel, povo escolhido por Deus para mostrar
ao mundo a Sua existência e sua Salvação, não era melhor ou maior que qualquer
outro povo, mas Deus o amou, o buscou e o escolheu para ser o alvo da
sua graça e nele demonstrar o seu amor.
O terceiro paralelo entre a bondade de Deus e a bondade de
Davi é que DEUS RESTITUI AO PECADOR À SUA GLÓRIA. No verso 7, Davi devolve a
Mefibosete todos os bens que eram de seu avô e de seu pai. O colocou de volta
como senhor de sua casa, tendo a seu serviço os servos que serviam a Saul. E,
além disto, o fez se assentar à mesa do rei, como um dos príncipes, filhos de
Davi. Isto é restituição. Muitos têm falado de modo errado sobre a restituição
que Deus pode fazer. Restituir e dar de volta o que se perdeu. Eu nunca tive
mansões, carros importados, fazendas e nem dinheiro, por isso não tenho como
esperar este tipo de restituição. Se não perdi, como me será restituído? Mas
tem algo que perdi e que Deus me restituiu. Ele me restituiu a glória de
refletir Sua imagem e semelhança. Aos poucos Ele vai me santificando e Sua
glória vai brilhando cada vez mais em mim e em ti. Ele restitui em nós a
posição de “filhos de Deus”. Tira-nos da condição de apenas criaturas para
sermos seus filhos. Foi assim com o filho pródigo, que perdera sua condição
filial e aceitaria qualquer migalha de seu pai, mas este o restituiu à glória
de ser reconhecido como seu filho. Mas observe o que disse a pouco: Os bens que
o filho pródigo desperdiçou ele não os teve de volta. Mas a glória maior, e que
nem esperava mais, ele teve. Voltou a ser filho. Satanás rouba, mata e destrói.
Jesus dá vida em abundância (João 10.10). Como conseqüência disto também pode
restituir sua família, paz, alegria, saúde, como acontece aos viciados quando
abandonam as drogas. A bondade de Deus é real.
Agradeça! (Rev. Silas Matos Pinto).